(Clique aqui para ver o vídeo desta viagem)
Dia 15 do Roteiro
Deslocação: Autocarro a partir de Ho Chi Minh City (Vietname) para Phnom Penh. Comprámos os bilhetes na companhia Mekong Express (através da internet, mas pode também fazê-lo pessoalmente num espaço físico próximo da Bui Vien Street). O custo foi de 13,5€ e teve uma duração de 8h.
Phnom Penh, capital do país, é a cidade mais populosa e a que guarda mais lembranças do passado do Khmer Vermelho, o regime que exterminou mais de 3 milhões de Cambojanos em apenas 4 anos. Antes de mais, peço desculpa por iniciar a apresentação deste país desta forma, mas a verdade é que este foi um dos maiores genocídios do mundo, e infelizmente poucas pessoas ouviram falaram dele. Em poucas palavras, este regime, liderado por Pol Pot, determinou que o Camboja deveria ser um país autossuficiente e por esse motivo instituiu uma reforma agrária que levou a nação à fome generalizada. Os serviços médicos foram cortados – levando milhares de pessoas à morte por doenças simples / que tinham cura; todas as pessoas que tivessem estudado, soubessem língua estrangeira ou tivessem óculos, foram considerados uma ameaça ao regime. Por esse motivo foram afastados das suas famílias e levados para prisões onde posteriormente foram torturados ou até mesmo executados.
A descrição destes primeiros dias não é fácil, mas faz parte da história da humanidade e cabe a nós transmiti-la para que situações como estas não caiam em esquecimento.
Como chegámos às 23h já não dava para nos metermos em grandes aventuras. Decidimos ficar pelo Hotel e programar o dia seguinte. O bom de chegar durante a noite prende-se com o facto de fazermos uma espécie de sightseeing com as luzes da cidade – conseguimos ver o Monumento da Independência iluminado logo no primeiro dia.
Dia 16 do Roteiro
Começámos a amanhã com a ida a Tuol Sleng Genocide Musuem. Neste museu é possível adquirir um áudio guia que vai contextualizando o visitante da situação social, económica e política em que se encontrava o país nos anos 70, além de histórias de vida de algumas das pessoas que foram feitas prisioneiras. O ambiente é pesado e à medida que nos vamos deslocando, e percorrendo os vários espaços, é difícil não imaginar o sofrimento destas pessoas.
Uma breve explicação: Tuol Sleng Genocide Musuem era uma escola que, durante o regime Khmer Vermelho sob o comando de Pol Pot (1975-1979), foi tornada numa prisão e espaço de tortura por onde passaram mais de 20 mil pessoas. O complexo foi todo cercado com arame farpado e fortemente vigiado. A duração das detenções variava entre 2 a 3 meses, tempo suficiente para que, mediante a tortura, qualquer um confessasse o que lhes fosse pedido – incluindo mentiras. Devido à falta de espaço, os prisioneiros começaram a ser enviados para um campo chamado Killing Fields. Opto por não entrar em detalhes porque respeito a sensibilidade de cada um. Eu própria tive momentos em que não consegui ouvir determinadas descrições e não ouvi a história de vida de quase nenhum dos prisioneiros. Continuo a achar que é importante não esquecer os crimes cometidos contra a Humanidade, e que locais como estes, à semelhança de Auschwitz, devem ser visitados. Contudo, considero-me uma pessoa minimamente informada, preocupada e interessada mas com “um estômago não muito forte” para estas questões. Por este motivo respeito o espaço de cada um, optando por não entrar em detalhes.
No final da visita encontramos algumas bancas que vendem livros históricos e também de sobreviventes. 3 dos 7 sobreviventes desta prisão encontram-se – quase que diariamente – no recinto onde foram torturados a fazerem promoção aos seus livros. Sentimo-nos mal por querer comprar um livro a um deles e não querer comprar ao do “vizinho do lado”; sentimo-nos mal por quererem tirar uma fotografia connosco. Acabámos por comprar 2 livros – um para oferecer e outro para nós. A fotografia que temos com o autor, que passou pelas torturas desta prisão, foi tirada após alguma insistência da parte dele / da senhora que estava junto a fazer campanha ao livro. Achámos que seria desrespeitoso se não tirássemos a fotografia. Reparem no meu sorriso meio forçado e no ar do Alexandre: Fantástico, não?!
Depois de Tuol Sleng Genocide Musuem foi altura de nos deslocarmos até Choeung Ek Genocidal Center (Killing Fields). Também aqui, é possível fazer a visita recorrendo ao áudio guia - mais uma vez aconselho. Uma das coisas que impressiona neste local é o facto de os seus visitantes estarem todos em silêncio. Atendendo à dimensão do espaço, é realmente impressionante como não se ouve ninguém falar! Neste local foram mortas mais de 10 mil pessoas, e assim que entramos no recinto damos de caras com um monumento onde foram mantidas enormes quantidades de ossos de adultos e crianças – mais de 5 mil crânios, sendo que muitos têm marcas de traumas. Mais uma vez não me vou alongar e tampouco entrar em detalhes. Volto a frisar que tanto o Killing Fields como o Tuol Sleng Genocide Musuem são locais muito pesados, mas importantes de serem visitados. Especialmente porque estamos a falar de crimes cometidos contra a Humanidade há muito pouco tempo. Se pensarmos, muitas das pessoas que visitam estes locais já eram nascidas quando esta situação aconteceu e, mesmo assim, poucas informações têm acerca do ocorrido.
Um balanço entre estes dois ambientes: Não sei se a ordem de visita é algo a que dão importância, mas a mim fez-me muito sentido. Não só pelo facto de as pessoas (prisioneiras) terem feito este mesmo percurso, mas acima de tudo porque em termos de explicações e contexto histórico fez sentido – isto porque fiz as duas visitas com recurso ao áudio guia, algo que recomendo, mesmo que sinta que irá passar algumas partes à frente.
Depois destas visitas foi hora de nos dirigirmos ao Centro da Cidade e espairecer um pouco. Nada melhor do que caminhar junto ao rio. Muitas crianças, monges, vendedores ambulantes…de uma forma geral, muitas pessoas a passearem na rua. Se tiver sorte poderá participar em encontros de Hip Hop ou numa espécie de aulas de dança gratuitas. Para completar o passeio nada como terminar o dia no Night Market. Este, reúne uma variedade de bugigangas, produtos falsificados e souvenirs de viagem. Se tiver coragem pode sempre recorrer às bancas que vendem comida. De certo que será dos poucos turistas a comer nesta zona. Decidimos ir a uma banca onde nos deram um cesto pequenino e uma pinça para retirarmos as peças que queríamos. De seguida procedemos ao pagamento e as mesmas foram colocadas na fritadeira. O que comemos? Não tenho bem a certeza. Estava bom? Sim, sabia a fritos. Ficámos bem do estômago? Sim, sem qualquer problema, street food é connosco.
Dia 17 do Roteiro
Neste dia fomos até ao Royal Palace, que é uma das residências do Rei do Camboja, sendo que a bandeira azul é hasteada quando ele está no Palácio. Tem alguns portões, mas apenas o Portão Sul dá acesso à entrada ao Público. Atenção à roupa: tem de cobrir os joelhos e ombros – o melhor mesmo é levar uma t-shirt porque mesmo não tendo os ombros à mostra decidiram embirrar e dizer que não podia entrar, nem mesmo metendo um lenço à volta dos braços. Caso se esqueça ou não tenha oportunidade de trocar de roupa, antes da visita, há sempre uma alternativa: Comprar um conjunto de roupa, que se encontra à venda no local!
Dentro do espaço do Royal Palace encontra-se a Silver Pagoda, sendo a sua atração principal o Emmerald Buddha, que apesar do nome de esmeralda, na realidade é feito de cristal.
Depois desta visita, só queríamos descansar num lugar à sombra. Estava muito calor! Fomos em direção ao Museu Nacional do Camboja e próximo do local encontrámos uns restaurantes com ventoinhas – era mesmo o que estávamos a precisar: ventoinhas e cerveja bem fresca! O facto de ser um restaurante Libanês também ajudou – para variar um pouco a dieta alimentar que até à data tinha sido sobretudo à base de noodles. O restaurante com nome Aroma ficou-nos na memória!
Depois da pausa, que nos soube pela vida, decidimos regressar ao nosso plano do dia. Decidimos visitar o Museu Nacional do Camboja. O museu está dividido em várias salas com diversos temas: Pré-Angkor, Angkor e Pós-Angkor. Uma explicação rápida: Angkor é uma zona do Camboja (localizada em Siem Reap, que irei falar no próximo post) que serviu de sede ao Império Khmer ou Império Angkor entre os séculos IX e XIII. Este, foi o Estado predecessor do Camboja Moderno. Os visitantes não estão autorizados a fotografarem esta incrível coleção, apenas poderão fazê-lo no pátio central. É possível fazer uma Tour guiada com um custo acrescido de 5€. A quantidade de esculturas é incrível, mas confesso que a certo ponto já estava um pouco exausta: demasiado calor e demasiada informação visual. Se quiser pode ainda comprar um bilhete para um Show de Dança Típica organizada pela The Cambodian Living Arts cujo nome é intitulado de “Apsara and Traditional Khmer Dance”. Informe-se sobre o preço e horários aqui.
Depois de sairmos do Museu Nacional decidimos passar pelo CHHMA Catfe, um café com gatos. Eu adoro gatos, mas não sei muito bem o que achar deste conceito. Se fossem gatos resgatados da rua, ficaria contente por terem sido ajudados, mas não era este o caso. Aqui, os animais são claramente uma fonte de negócio. Estão todos muito bem tratados, e o espaço tinha algumas regras para proteção dos mesmos. Mas mesmo assim…deixa dúvidas a muitos. Seja como for, para amantes de gatos deixo aqui esta possibilidade e depois logo partilham comigo as vossas opiniões.
Onde Dormi | Richly Boutique Hotel
Custo para 1 quarto, 3 noites com pequeno-almoço | 58.4€
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