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Aprendemos que no caso de encontrarmos um leão devemos, ao contrário do nosso instinto, demonstrar que somos fortes, e por isso devemos gritar na sua direção; que os búfalos são praticamente cegos e por esse motivo devemos ficar quietos e ao último minuto desviamo-nos; Em relação aos hipopótamos aprendemos que são animais que não gostam de ser surpreendidos. Se estivermos numa canoa é importante abaná-la - se forem sozinhos...só tenho uma palavra a dizer "Corajosos". É importante abanarmos a canoa, para que os hipopótamos sintam a nossa presença, e claro remar o próximo possível da margem, para conseguirmos vê-los.
Mas e quando os encontramos fora de água? Pois…sobre isto pouco sabíamos, até este belo acontecimento:
Depois da nossa experiência no Mokoro – clique aqui para ler sobre o passeio no barco tradicional -, achámos que era mais do que merecido relaxarmos no deck do camping. Como já estávamos fartos de jantar noodles, aproveitámos este dia para experimentarmos uma refeição deliciosa confecionada por cozinheiras locais. Tanto os hóspedes, como os empregados estavam animados, parecia ser dia de festa! Aproveitámos para fazer alguns brindes, reviver alguns momentos e falar com um português que estava a viajar sozinho. Antes de nos irmos embora o Português comenta: “Estão no Campsite Nº10? O espaço é muito porreiro! E o melhor é que os hipopótamos para chegarem até vós têm primeiro de passar por mim e depois têm uma ponte que não aguenta com o peso deles...” Rimo-nos.
Já no nosso alvéolo estacionei uma, duas e três vezes – com o Alexandre fora do carro a dar indicações de estacionamento. Erguemos a tenda, e de seguida o Alexandre vai à casa de banho, enquanto eu tentava enviar uma mensagem a uma amiga que tinha comentado a morte de uma pessoa no Quénia por ter tentado tirar uma selfie com um hipopótamo. Enquanto redigia a mensagem, ouço um passo lento e pesado. Ignoro. Ouço novamente…e aí sinto uma vontade, quase involuntária, de me voltar para procurar a origem do barulho. Assim que me volto, a luz vermelha da minha lanterna, reflete em dois olhos mínimos…Hipopótamo! Tinha um hipopótamo voltado para mim a menos de 5 metros!
O que fiz? Hmmm, na minha cabeça tudo, na prática nada! Ok, não foi bem isso, passo a explicar:
Podia-me ter dado para tudo: gritar; correr; meter-me dentro do carro. Felizmente optei pela última opção, mas assim que fechei a porta do carro veio-me uma panóplia de pensamentos: O hipopótamo vai voltar o carro ao contrário; Pelo menos desta vez fizemos um seguro de saúde; já estamos no final da viagem; O Alexandre?. Foi nesse momento que o meu receio do hipopótamo atacar uma caixa de metal, passou para a possibilidade de atacar o Alexandre que vinha da casa de banho…e eu nem fazia a mais pálida ideia de onde ficava. Felizmente, depois de tantas brincadeiras e manobras de estacionamento, o carro ficou numa posição perfeita para esta situação, e assim que vi uma luz vermelha, abri a porta do carro e pedi que entrasse rápido. Assim que ele entra no carro, e tira uma fotografia diz: "Está ali um hipopótamo, não é do Malarone!"
O hipopótamo ficou a noite toda a pastar no relvado do nosso alvéolo, e graças a isso passámos mais uma noite nos bancos do carro, sem conseguirmos aceder à nossa tenda. Para tornar a situação ainda mais dramática, estava com a bexiga mais do que cheia. Quando a meio da noite tomo coragem para sair do carro e tentar ir à casa de banho ouço um barulho: um rodeador de quase 1metro! Qual a probabilidade? Mas ainda bem que não sai, o nosso amiguinho estava num ângulo morto, mesmo atrás do carro. Podíamos ter pegado no carro e ter ido para outro lado, mas era a primeira vez que estávamos perante um hipopótamos. O nosso primeiro contacto com este animal foi numa canoa, onde não estava confortável, e a segunda vez foi...cara a cara. Não sabia que comportamento adoptar e quais as consequências dos meus comportamentos, por isso...decidimos ficar quietos, bom plano.
Conseguimos enviar um email para a receção a pedir ajuda, mas de pouco adiantou. Já estava tudo a descansar. Graças a este episódio recebemos um Upgrade muito interessante: Passámos do campsite nº10 para a tree house nº10. Conseguem imaginar o que aconteceu? Leiam tudo no próximo episódio.
Nota: Nunca se deve meter entre um hipopótamo e a água. Ao vê-lo o hipopótamo procura defender-se e vai para o seu meio seguro, a água. Enquanto existir luz os hipopótamos encontram-se, por norma, dentro de água. Assim que o sol se põe procuram pasto, sendo a maior parte das vezes inofensivos. Pode ainda apontar uma luz branca, para afugenta-los.
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